quinta-feira, 19 de abril de 2012

Asura’s Wrath



Praticamente um anime interativo


PS3 (disco)
PRODUTORA CyberConnect2
DISTRIBUIDORA
 Capcom
E se Kratos fosse oriental? Pegue todas as partes da história de vingança do filho bastardo de Zeus e leve-a para o oriente. Saem os deuses gregos, entram dezenas de referências à mitologia budista. A história “papai não gosta de mim, matarei todo mundo” vira “mataram minha mulher e levaram minha filha, matarei todo mundo”. O nome do jogo deixa de ser God of War e se torna Asura’s Wrath.
Tudo bem, é um pouco de exagero na semelhança, mas Asura’s Wrath segue muitos dos passos da famosa série da Sony, só que do lado japonês do design de jogos. Ou do design de desenhos animados. Asura é tanto um jogo quanto um anime, e você talvez assista mais do que jogue pra valer.

O que acontece é que a parte principal do jogo são os quick time events. Você vai assistindo e apertando botões na hora certa, como acontece em vários jogos da geração atual, mas em um nível muito maior e mais frequente. Acontecem cenas de mais de dez minutos e você não tem o direito de abandonar o controle. Mas aí é que entra a parte boa: elas são incríveis. Se quick time events servem para dar certa interatividade durante cenas roteirizadas, em Asura a a ideia é te deixar ridiculamente empolgado, esbravejando os melhores palavrões de contentamento existentes. O jogo é permeado por uma sensação tão “F%#k Yeah” que deve ser muito difícil alguém não se empolgar com todo o absurdo que acontece na tela.
Essas maluquices vão desde um Buda maior que a Terra dando uma dedada no planeta só para acabar com Asura até uma voadora que arrebenta uma nave-mãe gigantesca. É tão absurdo quanto parece, e estes não são os únicos pontos que te fazem lembrar de animes. O episódio “obrigatório” que se passa numa fonte termal está presente (sim, pois o jogo se passa em episódios com duração de meia hora, com pausa para comercial e tudo) e o grupo de vilões com as personalidades distintas de sempre (o louco, o correto, a durona, o forte arrogante) é apenas mais uma das partes que segue a fórmula das animações nipônicas.
Não que isso seja ruim. Não demora muito para perceber que a ideia é apenas narrar a vingança e o ódio sem noção de Asura. Reviravoltas e pensamentos profundos não são necessários. De certa forma, a raiva de Asura se torna a sua revolta, e um dos recursos principais do jogo – apertar o botão exatamente na hora em que ele acerta um soco – se torna uma das maiores maneiras de descontar sua raiva que um jogo mostrou em anos.
Tirando a história linear ao extremo, não há o que fazer em Asura’s Wrath. Você pode buscar os troféus, o que basicamente exige que você termine o jogo mais umas três vezes. Por mais incríveis que as cenas do jogo sejam, pagar o preço completo não é para qualquer um. A não ser que você realmente goste de anime e curta jogos no estilo Dragon’s Lair (ou games japoneses com cenas imensas), é melhor esperar uma boa queda de preço.
E isso é o que torna esta análise tão estranha. Não é sobre o jogo em si, que resume seus momentos interativos a apertar o botão na hora certa e a esmagar botões no estilo God of War. É sobre como você se sente enquanto faz isso, se sentindo o herói mais forte do universo que pode arrebentar qualquer um que apareça na sua frente. E a sensação é ótima.
Asura’s Wrath é uma experiência que traz de volta o espírito daquele moleque que assistia Yu Yu Hakusho ou Dragon Ball Z quando chegava da escola, e tudo que ele queria ver era o herói vencer, até chegar a um oponente mais forte ainda. Jogos assim são raros, então aproveite.

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